Ouça o Poema Elogio da Consciência Culpada, de Wislawa Szymborska
O Abutre não tem estritamente nada do que se censurar.
Escrúpulos são estranhos a pantera.
Piranhas não põem em dúvida as suas ações.
Cascavéis se aprovam sem reservas.
Ninguém viu jamais um logo arrependido.
O gaganhoto, o crocodilo, a triquina e o moscardo
vivem bem e felizes do jeito que vivem.
Um coração de orca pesa bem uns cem quilos
mas sob qualquer outro aspecto permanece estremamente leve.
Que há de mais animalesco
do que ter a consciência rtanquila
no terceiro planeta a partir do Sol?
Sempre a leveza da sátira, em Szymborska; a impertinência de se deixar em casa o guarda-chuva. Uma literatura que me agrada por perceber “a infinita imbecilidade humana (DMC)”, os suplícios de que somos capazes.
Um abraço.
Darlan M Cunha