ouça o poema Minhocão, de Heitor Ferraz
Agora sei
que não deveria ter
olhado, como
quem espia,
aquelas janelas
sucessivas
que se vêem
do alto do viaduto,
aquela mulher
que arqueada
costurava em silêncio
(um silêncio que
não pedoa meus olhos,
invasivos),
aquele
cara sem camisa
numa pensão barata
limpando a caneca
de lata na esquadria
da janela e que
num relance
olhou a rua,
logo abaixo.