Já que sentir vem Antes, de e. e. cummings


ouça o Pome Já que sentir vem Antes, de e. e. cummings
wikipédia

Livro: Poem(a)s (Livraria Cultura) R$44,00

eeCummings     poemaseecummings

 

já que sentir vem antes
quem prestar atenção
à sintaxe das coisas
nunca te beijará completamente;

ser totalmente louco
quando há primavera

meu sangue aprova,
e beijos são melhor destino
que sabedoria
dama eu juro por todas as flores. não chores
– o melhor gesto do meu cérebro é menos que
o tremer de tuas pálpebras que diz

que somos um para o outro: então
ri, sem medo, em meus braços
pois a vida não é nenhum parágrafo.

e a morte (eu acho) não é nenhum parêntese

Pescador de Bagres, de Saulo Ramos – Projeto 332 Poemas No 12


Ouça o Poema Pescador de Bagres, de Saulo Ramos
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Livro: Fora da Lei (livraria Cultura) R$ 44,90

SauloRamos     foradaleisauloramos

Na noite em que chovia muito e mais
eu voltava do rio
descalço, atravessando os milharais,
enrolado no frio.

Somente um bagre no embornal vazio
e o pavor da trovoada,
a noite havia me roubado o trilho
e me escondia a estrada.

Batia a chuva em minha face nua
tapas de minha mãe,
eu ia chegar tarde, em plena chuva,
sem peixe pra ninguém.

Cheguei, chorei, mostrei o embornal
e o meu pequeno bagre,
disseram que eu estar vivo era, afinal,
verdadeiro milagre.

Meu imultiplicado peixe espia
a gente que não o come,
que, por mim e por simples alegria
de me ver, perde a fome!

Encosto minha vara de pescar
ao lado do fogão,
durmo ao colo da minha mãe para sonhar
sem medo do trovão.

A chuva não me baterá jamais:
a manhã passará,
irei de novo ao rio e aos milharais:
um bagre só não dá.

Névoas – de Fagundes Varella


Poeta romântico e boêmio inveterado, Fagundes Varella foi um dos maiores expoentes da poesia brasileira, em seu tempo. Tendo ingressado no curso de Direito (e frequentado a Faculdade de Direito de São Paulo e a Faculdade de Direito do Recife), abandonou o curso no quarto ano. Foi a transição entre a segunda e a terceira geração romântica.

Diria, reafirmando sua vocação exclusiva para a arte, no poema “Mimosa”, na boca duma personagem: “Não sirvo para doutor”…

Autor: Fagundes Varela
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Livro: Melhores Poemas
Poema: Névoas.
Editora: GLOBAL EDITORA
valor: R$ 35,00

Ouça o Poema Névos de Fagundes Varella

Névoas

Nas horas tardias que a noite desmaia
Que rolam na praia mil vagas azuis,
E a lua cercada de pálida chama
Nos mares derrama seu pranto de luz,

Eu vi entre os flocos de névoas imensas,
Que em grutas extensas se elevam no ar,
Um corpo de fada — sereno, dormindo,
Tranqüila sorrindo num brando sonhar.

Na forma de neve — puríssima e nua —
Um raio da lua de manso batia,
E assim reclinada no túrbido leito
Seu pálido peito de amores tremia.

Oh! filha das névoas! das veigas viçosas,
Das verdes, cheirosas roseiras do céu,
Acaso rolaste tão bela dormindo,
E dormes, sorrindo, das nuvens no véu?

O orvalho das noites congela-te a fronte,
As orlas do monte se escondem nas brumas,
E queda repousas num mar de neblina,
Qual pérola fina no leito de espumas!

Nas nuas espáduas, dos astros dormentes
— Tão frio — não sentes o pranto filtrar?
E as asas, de prata do gênio das noites
Em tíbios açoites a trança agitar?

Ai! vem, que nas nuvens te mata o desejo
De um férvido beijo gozares em vão!…
Os astros sem alma se cansam de olhar-te,
Nem podem amar-te, nem dizem paixão!

E as auras passavam — e as névoas tremiam
— E os gênios corriam — no espaço a cantar,
Mas ela dormia tão pura e divina
Qual pálida ondina nas águas do mar!

Imagem formosa das nuvens da Ilíria,
— Brilhante Valquíria — das brumas do Norte,
Não ouves ao menos do bardo os clamores,
Envolto em vapores — mais fria que a morte!

Oh! vem; vem, minh’alma! teu rosto gelado,
Teu seio molhado de orvalho brilhante,
Eu quero aquecê-los no peito incendido,
— Contar-te ao ouvido paixão delirante!…

Assim eu clamava tristonho e pendido,
Ouvindo o gemido da onda na praia,
Na hora em que fogem as névoas sombrias
– Nas horas tardias que a noite desmaia.

E as brisas da aurora ligeiras corriam.
No leito batiam da fada divina…
Sumiram-se as brumas do vento à bafagem,
E a pálida imagem desfez-se em — neblina!

Viagem a Citera, de Baudelaire


published at: 2013-02-08 00:17 hs

Charles-Pierre Baudelaire (Paris, 9 de abril de 1821 — Paris, 31 de agosto de 1867) foi um poeta e teórico da arte francesa. É considerado um dos precursores do Simbolismo e reconhecido internacionalmente como o fundador da tradição moderna em poesia, juntamente com Walt Whitman, embora tenha se relacionado com diversas escolas artísticas. Sua obra teórica também influenciou profundamente as artes plásticas do século XIX.

Nasceu em Paris a 9 de abril de 1821. Estudou no Colégio Real de Lyon e Lycée Louis-le-Grand (de onde foi expulso por não querer mostrar um bilhete que lhe foi passado por um colega). ( fonte: wikipedia )

Autor: Charles Baudelaire
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Livro: Flores do Mal
Poema: Uma Viagem a Citera.
Editora: Saraiva de Bolso
valor: R$ 20,60

Ouça o poema Viagem a Citera de Baudelaire

Traduzir-me, de Ferreira Gullar


published at: 2013-02-07 10:30 hs

Ferreira Gullar nasceu em São Luís, em 10 de setembro de 1930 com o nome de José Ribamar Ferreira, era um dos onze filhos do casal Newton Ferreira e Alzira Ribeiro Goulart.
Sobre o pseudônimo, o poeta declarou o seguinte: “Gullar é um dos sobrenomes de minha mãe, o nome dela é Alzira Ribeiro Goulart, e Ferreira é o sobrenome da família, eu então me chamo José Ribamar Ferreira; mas como todo mundo no Maranhão é Ribamar, eu decidi mudar meu nome e fiz isso, usei o Ferreira que é do meu pai e o Gullar que é de minha mãe, só que eu mudei a grafia porque o Gullar de minha mãe é o Goulart francês; é um nome inventado, como a vida é inventada eu inventei o meu nome”.( fonte:wikipedia )

Autor: Ferreira Gullar
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Livro: Toda Poesia
Poema: Trazudir-me.
Editora: José Olimpio
valor: R$ 53,00 

Ouça o Poema Traduzir-me

O Corvo, de Edgar Allan Poe


published at: 2013-02-06 00:27 hs

The Raven (“O Corvo”) é um poema do escritor e poeta norte-americano Edgar Allan Poe. Ele foi publicado pela primeira vez em 29 de Janeiro de 1845, no New York Evening Mirror. É um poema notável por sua musicalidade, língua estilizada e atmosfera sobrenatural provenientes tanto da métrica exata, permeada de rimas internas e jogos fonéticos, quanto do Talento singular de Poe, um dos maiores expoentes tanto do romantismo quanto da própria literatura americana. Neste poema, que apresenta uma temática típica do romantismo (ou, mais especificamente, do Ultrarromantismo), a figura do misterioso corvo que pousa sobre o busto de Pallas (ou Atena, na maioria das traduções feitas para o português) representa a inexorabilidade da morte e seu impacto sobre o personagem, o qual, no seu papel de arquétipo correspondente às tendências da geração literária de Poe, lamenta e sofre profundamente com a perda de sua amada Leonora (Lenore, no original). No final do poema o corvo, o qual representa, como dito acima, a inexorabilidade da morte, é dito como ainda repousando sobre o busto de Pallas (ou Atena, na tradução de Fernando Pessoa) simbolizando o pesar eterno que se abateu sobre a alma do protagonista. (fonte: wikipedia)

Autor: Edgar Allan Poe
Edgar Allan Poe (nascido Edgar Poe; Boston, 19 de Janeiro de 1809 – Baltimore, 7 de Outubro de 1849) foi um autor, poeta, editor e crítico literário estadunidense, fez parte do movimento romântico americano. Conhecido por suas histórias que envolvem o mistério e o macabro, Poe foi um dos primeiros escritores americanos de contos e é considerado o inventor do gênero ficção policial, também recebendo crédito por contribuição ao emergente gênero de ficção científica. Ele foi o primeiro escritor americano conhecido a tentar ganhar a vida através da escrita por si só, resultando em uma vida e carreira financeiramente difícil.
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Livro: Poemas e Ensaios
Poema: O Corvo.
Tradutores: Oscar Mendes e Milton Amado
Editora: Globo
valor: R$34,00

Ouça o poema O Corvo

Dicionário

Aggônico: adj. Relativo a agonia. Opressivo, ansioso.

atroz: De grande perversidade, cruel, desumano, impiedoso: vingança atroz. Horrível de suportar: dor atroz. Desagradável, horrível: um tempo atroz; uma feiúra atroz.

rubra: adj. Vermelho intenso.

lúgrube: adj. Que exprime ou inspira sombria tristeza; fúnebre: aparência lúgubre, lúgubres lamentos.

ignoto: adj. Ignorado, desconhecido.

sepulcral: adj. Relativo a sepultura: inscrição sepulcral. Que contém sepulcros: capela sepulcral. Fig. Pálido, sombrio, triste, medonho: figura sepulcral; vozes sepulcrais.

pávida: adj. Acometido, invadido ou cheio de pavor. Que apresenta ou revela medo; medroso, assustado, assombrado. (Etm. do latim: pavidus.a.um)

perquerir: v.t. Inquirir, indagar, investigar com minúcia; pesquisar.

imoto: adj. Imóvel.

agourento: adj. Que tem, anuncia ou traz mau agouro; agoureiro.

soberbo: adj. Que é mais alto, que está mais alto ou mais elevado que outro. Fig. Arrogante, orgulhoso, vaidoso, presunçoso: ar soberbo. Belo, magnífico, admirável, maravilhoso, imponente, esplêndido, sublime: um soberbo espetáculo. S.m. Pessoa orgulhosa, arrogante: Deus castiga os soberbos.

hierático: adj. Que pertence aos sacerdotes ou à Igreja. Que tem as formas de uma tradição litúrgica. Escritura hierática, antiga escrita egípcia usada pelos sacerdotes.

fidalgo: s.m. Indivíduo com título de nobreza; nobre, aristocrata. Pop. Indivíduo bem trajado e de maneiras refinadas. Pessoa que vive de rendimentos. Adj. Relativo a fidalguia. Nobre, generoso. Pop. Bizarro, requintado: modos fidalgos.

augusto: adj. Que inspira respeito ou veneração: augusta proteção. Grandioso, suntuoso; magnífico.

Minerva: s.f. Art. gráf. Designação usual das máquinas de platina, leves e rápidas, utilizadas na impressão de capas de pequeno formato, cartões de visita, cartazes etc. Aparelho de gesso usado em ortopedia para manter o pescoço em equilíbrio nos casos de lesão vertebral.

austera: adj. Rigoroso, circunspecto, severo: a vida austera de um asceta; professor austero. / Que exclui ornatos: um estilo austero.

espectro: s.m. Imagem incorpórea de alguém falecido, fantasma, aparição ilusória. Fig. Presença ou iminência ameaçadora: o espectro da fome. Fig. e Fam. Pessoa esguia, magra e macilenta: é um verdadeiro espectro. Física. Conjunto dos raios coloridos, resultantes da decomposição de uma luz complexa.

esfinge(no sentido de mistério): s.m. Tudo que tem causa oculta, desconhecida ou é incompreensível, inexplicável; enigma.

retorquir: Replicar utilizando contra o adversário o próprio argumento de que ele se serviu; objetar, contrapor.

ritornelo: Música Termo que exprime ação de retorno e é aplicado em variadas circunstâncias: refrão de madrigais, estribilhos, repetição de introdução instrumental a composição vocal, coro etc. (Tb. se diz, à italiana, ritornello.)

epitáfio: Inscrição num túmulo, inscrição sepulcral. Breve elogio fúnebre. (Do latim epitaphius)

esparzir: Derramar água, sangue etc. Espalhar em gotas, borrifar. Difundir: espargir benefícios. V.pr. Espalhar-se; difundir-se.

nepente: sm (gr nepenthés) Bebida mágica, remédio contra a tristeza, de que se falava na Antiguidade.

bálsamo: Resina odorífera que ressuma de certas árvores. Planta que destila bálsamo. Eflúvio, aroma, perfume. Fig. Alívio, conforto, *lenitivo.

Galaad: Na Bíblia, “Gileade” significa o “monte de testemunho” ou “monte de testemunha”.

guante: Luva de ferro da armadura antiga; manopla. Fig. Autoridade, severidade, rigor.

ermo: adj. Que se encontra ou está sem companhia; solitário. Diz-se de ou local inóspito, afastado, desabitado: ele preferia viver naquela floresta, isolado no ermo. (Etm. do grego: éremos)

Hirto: adj. Duro, inteiriçado, muito teso. Arrepiado.Ereto, imóvel. Áspero, eriçado. Fig. Ríspido, intratável.

alfombra: Alcatifa, tapete. Terreno coberto de verdura (grama, musgo etc.): a macia alfombra do prado.